Sem o menor ânimo, hoje fugindo um pouco da rotina, não escreveria nada. Para piorar logo cedo, eis que recebo a triste notícia dando conta do falecimento do cantor Reginaldo Rossi na sua Recife onde se encontrava internado.
Porém, diante do bombardeio de manchetes e dos comentários similares publicados na internet como na imprensa em geral, não teve jeito, me impus mesmo contrariado, a escrever algo à guisa de modesta consideração pessoal acerca do acontecido. Ainda, no tocante à farta e diversificada produção artística do bom e carismático Reginaldo Rossi.
Como é comum na imprensa marrom e, via de regra na mídia brasileira acostumadas demais às ideias de rebanhos e a beber na mesma fonte; quase todas as manchetes traziam em letras garrafais - "....Morreu RR, o Rei do Brega...". Ora, mas que besteira! Nada contra este vocábulo que muitos intitulam de gênero musical(se é que ele existe mesmo) mas ao meu juízo, creio que mais brega que os artificiais e descartáveis: Michel Teló, Luan Santana, Gabriel Valim, Gustavo Lima, Israel Novaes, além das bandas de Forró e, até um tal de sertanejo universitário como tantos outros, que, graças a Deus não sei dos seus nomes. Todos juntos na mesma gamela dos jabás não são dignos sequer de ser comparados ao viés autoral do velho Reginaldo.
Gosto das canções do Rossi, mas até certo ponto... Presumo que, até o momento em que ele gravara o tal 'Garçom', que mesmo sendo uma composição ao meu ver de baixa qualidade (pasmem), foi justamente a música quem o alçou em definitivo, a condição de verdadeiro pop star e até a este tal título de rei de sei lá do quê...
Todavia, o Reginaldo Rossi foi muito mais que isso. Inteligente e versátil se fizera um bom cantor, excelente compositor e, num mundo onde quase todos logo se acham estrela e semideuses... Reginaldo se postou como ele mesmo, modesto um gentman, boa gente, diga-se de passagem. Uma figura humana que nunca se deixou levar pela fama, tampouco pelo dinheiro que, como se sabe, são coisas passageiras, como de resto tudo mais na vida...
Aliás, esse aspecto de pura modéstia e simplicidade, ficou evidente quando o mesmo esteve aqui em Aurora em show popular em junho do ano passado. Quando, com invulgar delicadeza e alegria recebera todos os que se diziam seu fãs na busca de um autógrafo, um aperto de mão ou um abraço.
Aliás, esse aspecto de pura modéstia e simplicidade, ficou evidente quando o mesmo esteve aqui em Aurora em show popular em junho do ano passado. Quando, com invulgar delicadeza e alegria recebera todos os que se diziam seu fãs na busca de um autógrafo, um aperto de mão ou um abraço.
Enfim, gosto das músicas do Rossi desde a sua fase galã da época áurea do Ei-ê,ê e da Jovem Guarda, anos 70 quando ele cantava e dizia "o rock vai voltar", cuja produção infelizmente hoje, as gravadoras parecem querer esconder do público. Gosto do Reginaldo desde a sua boa fase produtiva dos anos 80 e meados de 1990.
Hoje sei que o velho Rossi com sua excepcional inteligência teve que aderir a um outro estilo como forma de sobreviver diante de uma mídia impositiva, bem como de um mercador cruel chamado indústria fonográfica. Aderira portanto, a este tal de Brega ou coisa parecida. Mas seguramente foi mais que isso...
Teve sorte por se dá bem entre os leões. Ficou conhecido em todo o país. Dizem que até rico. Gravou muito, fez show pelo país inteiro. Vendeu bastante discos e conseguiu adentrar os grandes canais televisivos como a própria Globo. O que nunca foi possível para os verdadeiros reis da chamada música brega, que também foram e ainda o são sensacionais, tais como: Bartô Galeno, Maurício Reis, Carlos André,Abílio Farias, Carlos Alexandre, dentre outros.
Teve sorte por se dá bem entre os leões. Ficou conhecido em todo o país. Dizem que até rico. Gravou muito, fez show pelo país inteiro. Vendeu bastante discos e conseguiu adentrar os grandes canais televisivos como a própria Globo. O que nunca foi possível para os verdadeiros reis da chamada música brega, que também foram e ainda o são sensacionais, tais como: Bartô Galeno, Maurício Reis, Carlos André,Abílio Farias, Carlos Alexandre, dentre outros.
Sem dúvida, apenas uma das grandes contradições - coisas do Brasil - um artista popular do quilate do Reginaldo Rossi só se tornar conhecido pelo povo e respeitado pelos tubarões do mercado, quando teve que produzir algo aquém do seu verdadeiro estilo e do seu potencial, a exemplo de Garçom, Dia dos Cornos e por aí vai...
Penso que todos os que se dizem verdadeiramente fãs do R. Rossi precisam conhecer o conjunto da sua obra musical pretérita e aí haverão de ficar refertos e muito mais impressionados diante do enorme talento deste grande artista do Nordeste brasileiro. Apenas mais um ovacionado após a morte pelas elites preconceituosas. De maneira que, com a sua morte, a verdadeira música popular brasileira ficará muito mais pobre. Abre-se igualmente, uma imensa lacuna no contexto musical que jamais será preenchida. Primeiro, porque Reginaldo é inigualével e insubstituível em tudo que fez, depois, pelo triste fato de que a música que ora está sendo produzida e nos é oferecida goela abaixo pelos poderosos; de tão pífia e miserável não merece sequer o nome.
Com extrema saudade, viva Reginaldo Rossi que permanecerá eternamente vivo no meio de nós através das suas músicas que nunca morrerão.
------------------------------------José Cícero
Secretário de Cultura e Turismo
Aurora - CE.
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