domingo, 24 de abril de 2011

Um Poema chamado Cangaço...

Por José Cícero Coiteiro de Lampião

À sombra daquele centenário pé de joazeiro
Cujo mesmo como testemunho solitário
Ainda ali na curva do antigo caminho,
se mantêm, à duras penas, vivo.
Levei comida, informação, água e munição.
Tantas vezes pela a vida adentro,
aos jagunços de Izaías Arruda
e os cabras de Virgulino Lampião.
Foi um montão de cangaceiros
que nem me lembro os nomes,
sei apenas que foram tantos
agora em meus sacrifícios
de recordação...

Não tive escolha em abraçar esta opção.
Servir aos bandoleiros com tal desvelo.
Forçado pela sorte, fui amigo e fui coiteiro
de Silvino, Luiz padre, Sinhor Pereira e Lampião.
Apertei a mão de Massilon, Sabino e Chubim
Sorri para Durvinha, Maria Bonita e Dadá.
Com ciúme, uma vez Corisco quis me ameaçar.
Contudo, Lampião foi meu amigo.
Disse alto: - com este ninguém mexe não!
Fiz amizade. fiquei conhecido
De Zé Inácio, Izaías, Antonio da Piçarra
Coronel Santana e padre Cícero
O santo do sertão.

Chamam inda hoje de bandido e de ladrão
Todos aqueles antigos cangaceiros,
Mas aqui nos escondidos do sertão
Em que ficamos por anos abandonados,
Meu senhor – digo que não!
Pois os volantes dos governos da nação
Foram naquele tempo (em alguns casos)
até mais violentos e mais bandidos
Que os bandoleiros do capitão meu amigo.
Vez que surraram todos os meus filhos
Violentaram as meninas – seu moço.
E ainda puseram as mãos
no nosso dinheiro que já era tão pouco...


terça-feira, 19 de abril de 2011

19 de Abril - Dia do Índio: O que temos a comemorar?

Por José Cícero
À memória dos sertanistas: Orlando e Cláudio Villas Boas, bemo como de Darcy Ribeiro.
Nos idos de 1500 quando supostamente o Brasil foi descoberto o continente americano possuía aproximadamente cerca de 100 milhões de índios, 5 milhões dos quais estavam distribuídos por quase toda a extensão do território brasileiro.

Após um longo e penoso histórico de maus tratos e verdadeira guerra de extermínio, vez que foram praticamente dizimados e, em alguns países, como foi o caso dos Estados Unidos desapareceram quase que por completo. Por sinal, é este país que agora se arvora de bonzinho e ético querendo a todo custo, dá lição para o Brasil e o resto do mundo de como devemos nos comportar em relação a defesa povo indígena e (pasme) a preservação do meio ambiente.Todavia, nesta história toda de mais de cinco séculos é preciso dizer que o Brasil, mesmo detentor de uma das mais vastas regiões de florestas tropicais do planeta, como a Amazônia, os nossos aborígines também não tiveram uma boa sorte, posto que também foram vítimas em potenciais de todo tipo de exploração, maltrato e perseguição. E neste aspecto, os números falam mais do que mil palavras.


De modo que hoje, no cômputo geral, os índios brasileiros não passam da casa de 460 mil, cerca de 0,25% da população total do país. Uma redução das mais absurdas levando-se em conta, inclusive, além da ainda agora densa região florestal, mais o predatório processo de colonialismo que sofremos e o sofrível atraso do nosso desenvolvimento urbano, cultural e econômico.Tínhamos por exemplo, a partir do século XVI quando os portugueses, holandeses, espanhóis e franceses aportaram nas terras brasileiras, um número considerável de índios, levando-se em conta as estimativas dos que viviam apenas na região litorânea.


Com pouco mais de 5 mil línguas e dialetos. Existia também uma grande quantidade de etnias que viviam exclusivamente pelo interior adentro. Atualmente, segundo os últimos levantamentos estatísticos, não possuímos sequer 80 línguas diferenciadas e dialetos autóctones, muitas das quais ou já foram perdidas para sempre ou estão em desuso e que por isso, seu esquecimento é apenas uma questão de tempo. Até porque, boa parte dos povos que ainda restam, estão aos poucos sofrendo um processo célere de aculturamento do chamado homem branco. No passado remoto da nossa história, diríamos que no Brasil, todo dia era prioritariamente, dia de índio... Porque todo este vasto território aos índios pertencia. Contudo, depois da balela do descobrimento, suas riquezas, suas mulheres e suas terras foram aos poucos sendo roubadas, até se chegar ao que resta ainda hoje – quase nada. Afinal, o que de fato ainda pertence aos índios? Sequer o respeito do povo brasileiro os eles dispõem.


É lamentável, para não dizer vergonhoso, o tipo de tratamento que a sociedade brasileira e mundial dispensa aos povos indígenas. Uma ingratidão das mais absurdas e ignominiosas, posto que um dia, o Brasil e o planeta pertenceram a eles. Se, caso tivéssemos forçosamente que procurar os verdadeiros donos do Brasil e do mundo, indubitavelmente, seriam os índios, seus verdadeiros proprietários. E não os homens brancos. Os brancos no mínimo, são os autênticos e tenebrosos usurpadores deste sagrado chão.A sociedade brasileira, americana e planetária no fundo, tem uma imensa e impagável dívida de gratidão com os povos indígenas... Assim, o mero respeito e a consideração a estes primeiros filhos da terra-gaia, já seria algo de grande valia do homem contemporâneo em relação a todas as nações indígenas do globo.


Que este 19 de abril – o famigerado dia do índio -, nos sirva ao menos como um momento especial para uma reflexão profunda acerca do verdadeiro significado e importância dos povos indígenas para cada um de nós, para o Brasil de hoje e, para o mundo em geral. Na sua necessária perspectiva de futuro e de sustentabilidade ambiental; como requesitos básicos para a manutenção da vida de todas as espécies do planeta.Depois disso, devemos mergulhar dentro de nós mesmos e, finalmente perguntar: - Neste dia do índio, o que haveremos mesmo de comemorar?Mas não nos esqueçamos de lembrar do terrível legado de destruição, abuso, desrespeito e extermínio que historicamente o Brasil vem dispensado aos seus índios - nossos irmãos de sangue e de caminhada ancestral.


* José Cícero: Aurora/CE.
Fotos:Internet :http://1.bp.blogspot.com/
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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Esgoto da Cagece volta a derramar dejetos a céu aberto nas ruas do Araçá


Imagens do esgoto do Araçá derramando dejetos no meio das ruas

Não tem jeito: Cagece em Aurora continua de mal a pior no que tange ao atendimento que vem dispensando à população consumidora.

Pela 'enésima' vez a tubulação do esgoto da rua Cícero José do Nascimento no cruzamente com a Nereu Gonçalves(Da Cerâmica) no bairro Araçá em frente a Creche comunitária Romão de Sá Barreto Sabiá volta a despejar dejetos a céu aberto. Exalando uma fedentina insuportável naquele local e no seu entorno.

Eis aí um vetor potencial de várias doenças. E como aquele espaço é considerado de grande fluxo de pessoas e de veículos, só tende a aumentar ainda mais a problemática.

O calçamento também está está uma lástima de tanta lama e água fétida a escorrer sobre a superfície das ruas....

De modo que não custa nada perguntar: Será que a única solução possível que a Cagece tem a oferecer é a delonga para ações paliativas? Além da cobrança em dia da exorbitante taxa de esgoto em 100%.?

Ora, se todos pagam a taxa, é justamente para que coisas como estas não aconteçam. Contudo, tal problema não se constitui como algo novo. Posto que há anos, desde que o saneamento começou a operar que, vez por outra, aquele defeito se repete. O entupimento do cano da tubulação do esgoto, pode ser um indício de um defeito técnico. Talvez por isso não se resolva com ações mínimas e corriqueiras. Ver(fotos de hoje dia 14 de abril no Araçá).

Nos dias de chuvas toda a problemática se multiplica ainda mais. E o que é pior: Crianças que brincam pelas ruas terminam pisando nos dejetos, notadamente durante as enxurradas. E mais: a questão não se restringe apenas as ruas citadas.... Outros logradouros estão a enfrentar problemas semelhantes.

Não resta dúvida de que se trata de uma questão de saúde pública das mais graves, malgrado ser algo um tanto quanto silencioso e que, por outro lado, também fere o sagrado direito do consumidor. Temos que nos atentar para o chamado 'princípio da precaução'. Não é racional esperarmos que o pior aconteça.

Destarte, diante do risco e do descaso o que haveremos de fazer?

Quem sabe procurar nossos direitos pelas vias legais? Conclamar as autoridades locais?

Como igualmente encampar um movimento de protesto popular de denúncia e reivindicação com os moradores do bairro?Divulgar toda esta dura realizade na imprensa em geral? Bom, o certo é que algo precisa ser feito com urgência e de modo definitivo. A comunidade já esperou além da conta.

Inclusive, o próprio prefeito por diversas vezes tem acionado/comunicado a direção regional do órgão. Mesmo assim a solução tem sido leniente e de verdadeira continuidade. Tanto que o problema ainda ainda ai por se resolver e se repetindo...

Quem sabe uma audiência pública formulada pela Câmara de vereadores poderia surtir melhor efeito no sentido de convencer a quem de direito, para uma solução definitiva para a questão.

Assim os moradores aproveitariam também para discutir com as autoridades locais e os representantes da Cagece a taxa de esgoto, altíssima por sinal, para is padrões de Aurora. Debateria-se também os 3,5 km de adutora inacabada quando a água continua correndo por gravidade e a céu aberto até chegar na 1ª estação de bombeamentoe de lápara as torneiras no inverno com grande turbidez.

Ainda o mau cheiro e a estação de tratamento localizada no bairro da Aurora Velha, ao lado de uma grande escola. A falta de água que mesmo com o açude Cachoeira cheio quase sempre se repete. Com também de quando em vez se repetem os vazamentos ocasionando grande disperdício de água. Os estragos na pavimentação das ruas, bem como o atendimento aos aurorenses em geral.

Da Redação do Blog da Aurora.

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sábado, 9 de abril de 2011

Uma Reflexão acerca do Massacre dos estudantes do Rio

A tragédia ocorrida estes dias na escola do Rio de Janeiro onde 13 crianças foram covardemente assassinadas à tiros e outras tantas saíram gravemente feridas é mais uma evidência da verdadeira globalização da miséria e da maldade humana ora a se espalhar como ervas daninhas sobre a face da terra.
Quem sabe uma cópia dantesca daqueles que vez por outra, acontecem em países ditos desenvolvidos como os Estados Unidos. Loucura, fanatismo, mórbida insensatez imposta aos fracos de humanismo e de espírito pela civilização pós-moderna com seus conflitos. Ou ainda, quem sabe, o doentio desejo dos esquizofrênicos de alcançar o ‘shownalismo’ midiático, isto é, ter seu instante de “fama”, virar notícia pelo mundo.

Uma nova e deplorável modalidade de suicídio atrelado ao assassinato em massa de inocentes. Ainda quem sabe tudo isso junto. Não sei ao certo... Apenas sei que beiramos o caos... Os que por acaso acreditam. E mais que isso: querem sempre provar a autêntica personificação do diabo, creio que neste lamentável episódio e tantos outros, o “demo” deva está em sua carne, osso e ódio.

O mais triste deste massacre(além da morte destes inocentes, obviamente), é sabermos que esta maldade ocorreu no interior sagrado de uma escola – a sala de aula. Um dos espaços, digamos, dos mais notáveis da civilização, posto que nele é que reside a esperança de um amanhã renovado e diferente, sob a força imorredoura do saber. No ambiente da sala de aula é que almejamos encontrar um pouco da possibilidade de (re)construção do novo cidadão, como semente para um futuro melhor. Na escola depositamos todas as nossas esperanças.

De maneira, que com esta barbaridade, estamos a assistir diante da nossa passividade a destruição desta nossa esperançosa sementeira.

É, no mínimo inconcebível, que os governos constituídos em todos os níveis não queiram dá um tratamento de qualidade aos que estudam. Aqueles que, uma vez no ambiente escolar deveriam estar sob a inteira proteção, a responsabilidade e os cuidados do Estado.

Ora, por que as instituições bancárias, as grandes corporações econômicas, as grandes empresas e até mesmos os belos palácios onde boa parte dos políticos se escondem devem ser guarnecidas como verdadeiras fortalezas e uma escola Não? Por que em cada escola deste país, não possa ter pelo menos a figura de um profissional de segurança bem treinado para prestar a devida segurança aos nossos educandos?

Por que em todo o resto há todo um aparato de segurança disponível(vigilantes, câmaras de segurança, PMs, detector de metais, etc) e nas escolas Não? Será que a juventude estudantil brasileira, sobre a qual se impõe a responsabilidade pelo futuro da nação e do planeta, valha tão pouco, do que qualquer dinheiro contido nos caixas eletrônicos e/ou trancafiado nos cofres bancários?

Não. Não podemos aceitar calados todo este disparate... É preciso que o país comece a repensar seus valores, antes que seja demasiado tarde. É urgente, que os estudantes brasileiros, juntamente como todos os profissionais da educação, bem como os formadores de opinião e a sociedade dita organizada possam levantar sua voz contra este absurdo. Porque o tempo urge... E a nossa cidadania nos clama por isso... As criancinhas do Rio de Janeiro não podem ter morrido em vão. Pelo menos isso. Do contrário, quantos brasileirinhos ainda haverão de morrer tão covardemente para que a nação possa se aperceber de todo o caos?!

No entanto, digamos que o mais incômodo de tudo é não vermos nenhuma luz no fim do túnel, ou seja, a quase total ausência de qualquer perspectiva que nos aponte uma mudança possível. Portanto, o recrudescimento deste iminente estágio de caos e de barbárie social acabará no levando fatalmente a destruição. Uma vez que os aumentos dos atuais índices de violências só tendem a crescer em escala planetária.

Por outro lado, as ações que supostamente estão sendo empregadas pelos governos, além de paliativas, ao que tudo indica, parecem não surtir nenhum efeito prático no que tange a questão das soluções possíveis. O cidadão comum, por sua vez, a cada crime e a cada tragédia se mantém ainda mais anestesiado, como que dormindo no seu esplêndido berço da indiferença.

No entanto, tais ações precisam ser empreendidas de maneira coligadas com sociedade, numa lógica inteligente, com o fito numa estratégia de integração através de uma sistemática que também consiga envolver no seu conjunto outros aspectos essenciais da sociedade: tais como melhores investimentos nos indivíduos por meio dos bons serviços em educação, saúde, emprego e renda, além do desenvolvimento de uma política que prime pela consciência cidadã e espiritual dos entes humanos. De onde não se exclui a verdadeira valorização da pessoa humana, na quilo que ela tem demelhor e como essência - a dignidade. O que, diga-se de passagem, neste momento, não se constitue como uma tarefa das mais fáceis.

Por isso mesmo, um grande desafio não apenas para as instituições públicas, mas principalmente, para todos os cidadãos que ainda acreditam numa sociedade possível e por conseqüência, num mundo melhor para todos. Onde quem sabe, não mais exista a figura do espertalhão-explorador sugando as energias e o trabalho dos oprimidos.

Onde o abismo entre ricos, pobres e miseráveis possam ser diminuídos drasticamente no sentido de que os conflitos sejam efetivamente substituídos pelo diálogo. E a partir daí, os povos do mundo possam conviver sempre movidos pela harmonia, consciência e paz. Pois, caso contrário, a vida no planeta logo logo se fará insustentáveis.

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José Cícero

Secretário de Cultura

Aurora - CE.

Foto: www.estb.msn.com

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