Mas quem foi que disse que só o 19 de abril é o dia do índio?
Na mesma proporção como se vem destruindo os recursos naturais do planeta, os chamados “homens brancos” tem também imprimido sua força ao longo da história no sentido da promoção do extermínio das mais diversas etnias indígenas espalhadas pelo mundo. De modo que neste 19 de abril(dia do índio), a grande pergunta que se deveria fazer é: o que haveremos de comemorar neste suposto dia dedicado ao índio? Que legado nós, os contemporâneos, ditos racionais haveremos de deixar às novas gerações no tocante a questão indigenista e ambiental?
Neste dia, pelos menos uma reflexão consciente e inteiramente desapegada de todos os velhos preconceitos e outras discriminações descabidas haveria de ser realizada em relação a este evidente rastro de destruição imposta às populações indígenas não somente do país de Cabral e de Pizon. Ou ainda ao que resta deles(os índios), agora não passam de meros refugiados vivendo às duras penas no que ainda resta da floresta Amazônica e outros rincões abandonados, como sobejos da sociedade moderna, que deram o nome de reserva.
O crescimento urbano, o desenvolvimento social, tecnológico e científico... O pós-modernismo econômico e cultural no seu conjunto mais geral, assim como na sua versão mais cruel tem ajudado a fazer da causa indígena – um ato extremo de perseguição, opressão e matança às vezes muito mais vergonhosa do que aquilo que fizeram os colonizadores, bandeirantes e jesuítas. Alguns festejados ainda hoje com títulos de heróis e outros com os de santos.
A história do nosso índio tem sido por assim dizer, a própria história da usurpação, do crime e do extermínio de toda uma ração que por direito natural seria os únicos e verdadeiros donos do Brasil. Assim como as raízes ancestrais da nossa origem efetiva-biológica.
Somos até hoje, os autênticos destruidores da cultura autóctones dos índios. Criminosos em potenciais de toda uma diversidade de etnias, línguas, dialetos, saberes, crenças e outras tradições inerentes à milenar cultura dos nossos irmãos nativos ameríndios.
O que aconteceu com os povos indígenas, não tem outro nome, senão o de genocídio. Um massacre que de algum modo se perpetuou ao ponto de ter chegado até nós com seus ares de normalidade.
Mas digamos que o processo de extermínio das populações indígenas pelo mundo e, ao longo da história não foi um ‘privilégio’ apenas dos brasileiros, posto que constituiu infelizmente, prática-comum utilizada por diversas nações do globo em diferentes momentos da história humana.
No Brasil, portanto, não teríamos como dissociar a sua história daquilo que foi(e ainda o é) o expediente injusto da exploração e da ocupação às forças, do que ainda restam dos espaços naturais pertencentes aos chamados povos nativos da floresta.
Éramos até os primórdios do suposto “descobrimento”, uma nação completamente livre habitada por uma infinidade de etnias. Raças indígenas vivendo na mais profunda harmonia com a terra, os bichos, à natureza e o sagrado. Uma grande nação que beirava a caso dos cinco milhões de almas falando pouco mais mais de 170 línguas e mais uma série incontável de dialetos.
Era o Brasil o que poderíamos chamar de paraíso perdido na imensidão das Américas.
Por conta desta riqueza natural do país tupiniquim ‘pastoreada’ que foi por nossos irmãos indígenas é que a nação sobreviveu até os dias atuais. Chegando até nós... Só por isso suportou ao vilipêndio, à invasão, ao roubo, à espoliação, ao massacre, à pilhagem assim como a todas as mais abomináveis formas de crimes e expiações que se possa imaginar.
A força do índio brasileiro corre hoje ainda nas nossas veias. O nosso DNA é a mais forte evidência da nossa ligação indígena, além de africana e européia. O índio, portanto, queiramos ou não, é nosso irmão.
Neste dia urge que tenhamos esta compreensão vigorosa e efusiva, com a consciência afirmativa de que somos filhos de uma mistura de raças. Uma miscigenação da qual não é possível se eximir por qualquer razão da presença central do aborígine. Somos irmãos de sangue, luta história e sofrimento. E isso não é pouca coisa.
Neste 19 de abril, diria que a simples consciência deste fato, já seria muito mais da conta para uma sociedade hedonista, arrogante e preconceituoso, sobretudo no que tange as suas verdadeiras origens ancestrais.
Aceitar o índio como partícipe da nossa história biológica será um motivo para um ato de verdadeira celebração. Sinal de que a sociedade brasileira está evoluindo não apenas nas aparências...
Por fim, digamos que todos os dias mesmo antes de 1500 têm que ser dia do índio. Até porque todos os filhos do Brasil mantêm uma dívida de gratidão com os ‘bugres’ sul-americanos das terras de Vera Cruz.
Porque cara pálida! O índio é sim, o nosso irmão!