quarta-feira, 21 de abril de 2010

Rio Salgado - Eterno milagre dos Caririenses...*

Por José CíceroUm espetáculo a nos encher os olhos. É esta a sensação que se tem depois de um bom tempo de estiagem prolongada, ver de novo toda a extensão do rio Salgado com todo o seu seu esplendor de águas descendo e rompendo com violência da mãe natureza as ribanceiras do rio. Concretizando a contento a velha lei da gravidade. Enchendo de promessas e esperanças os sentimentos mais alvissareiros dos homens e mulheres ribeirinhos sul-caririenses.
O velho Salgado, malgrado o seu abandono e, feito na marra esgoto do Cariri, agora, como por milagre, num toque de mágica dos deuses da ecologia se enche de beleza, grandiosidade e alegria como que desejasse amenizar com as suas águas o sofrimento do mundo inteiro e, em particular as agruras das gentes sertanejas. Assim ele segue rasgando os sertões, as pedreiras, a caatinga e o areial sem fim, entre vales, planícies, chapadões e serras. Um encanto. Uma utopia na mais autêntica concretude das formas abençoando a vida e a lida dos povos dos sertões do Cariri cearense... O Salgado agora depois da 'frente fria' é só “boniteza” a iluminar o semblante, o coração e o sorriso dos agricultores a semear o chão.

Mesmo numa seca-verde que se prenuncia o Salgado renovado é uma dádiva dos céus. Uma promessa a alimentar as esperanças no eterno milagre da fartura e da bonança diante da multiplicação do pão a se repetir anualmente nos grotões dos esquecidos dos sertões adentro.
O Salgado cheio é um sonho correndo ao nosso encontro tantas vezes protelado, desfeito... O Salgado é um Kariri valente, quando se fortalece ao receber de bom-grado as sangrias dadivosas dos açudes, lagos e riachos. Salgado rio. Águas que nos alimenta, saciando a sede e banham nossa alma tão docemente. Como se fossem os carinhos da mulher amada...
A cheia do Salgado é um acontecimento dos mais esperados. Uma festa que não tem nome...Com seu barulho por entre as quebradeiras das matas, ante o fenomenal represamento no boqueirão de Lavras, a queda livre na cachoeira de Missão Velha, a subida dos peixes no Morro Dourado, no poço do meio. Sua nascente na Batateira do Crato, a passagem com pressa pelo Granjeiro abaixo, Salgadinho, Massalina das Ingazeiras e a chegada majestosa sob a 'ponte da espera' nas terra da Aurora nas proximidades das "beatas" como uma despedida na direção do Castanhão, o mar da vida - num abraço Atlântico.
Com aproximadamente 42 km do seu leito percorrendo o solo d'Aurora, há razões de sobra para afirmarmos que o rio do Cariri é, de fato, um manancial genuinamente aurorense. Além da sua grande extensão, nas terras de Aldemir é que o Salgado se faz grande, bonito e imponente, sobretudo nos seus mais diversos e expressivos encantos naturais. Aurora é, por tudo isso, um presente do Salgado, tanto quanto o Cariri inteiro.
Em dias de tristeza, contemplar o Salgado agora é por assim dizer, uma terapia recompondo nossa paz de espírito. Um verdadeiro refirgério espiritual. Aliviando o cansaço do peso do dia a dia. Tudo, com a mesma sensação gostosa de se estar no mundo. Sempre quando, psicologicamente voltamos por algum instante as nossas raízes ancestrais. O Salgado por tudo isso é uma obra esplêndida de Deus, invadindo sem pedir licença nossos olhos, corações e mentes com o sentimento da mais absoluta felicidade coletiva.
(*) Prof. José Cícero - Secretário de Cultura, Turismo e Desporto/Aurora-CE.

SERVIÇOS:
Pela primeira vez, este ano, a cachoeira de Missão Velha, por onde passa a água da microrregião do Cariri (Crato, Juazeiro, Barbalha, Caririaçu) para o Castanhão, está cheia. A cachoeira começou a receber água depois da chuva de 110 milímetros que deu em Barbalha. De acordo com os populares nunca a cachoeira esteve assim, tão cheia, no mês de abril. Normalmente, esse fato acontece nos meses de fevereiro e março. As águas que passam pela cachoeira são despejadas no Rio Salgado, que desemboca no Jaguaribe e este no Açude Castanhão.(blog do Tarso Araújo)
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