Por José Cícero
O autor JC |
Do ponto de vista científico, não resta dúvida de que a
Terra já tenha sido palco de algumas catástrofes significativas num total de
cinco. Causadoras de completas extinções
em massa das espécies. Acontecimentos estes ocorridos em eras imemoriais e, que
praticamente tenham inviabilizado a vida no planeta. A mais recente, conforme
os estudos, remontam a 65 milhões de
anos. Época em que supostamente aconteceu o misterioso desaparecimento dos
dinossauros, de longe, os maiores animais que já existiram na face da Terra.
De modo que, a ilação sobre o fim do mundo ao que tudo
indica, corresponde ao um processo cíclico e natural que, por sua vez, não está descartado de voltar
a ocorrer. Principalmente diante dos atuais padrões de consumo dos recursos
naturais, assim como do nível de degradação por que passam os ecossistemas terrestres, o que tem acelerado o
desequilíbrio climático e outros desdobramentos afins em todo o globo.
O que exige de todos uma mudança radical no nosso processo
civilizatório de atuação e consumo, que hoje mais do que em qualquer outra
época da história, tem sido classificado como insustentável, posto que está sendo considerada inviável e predatório.
Nada disso, no entanto, acontece do dia para a noite.
Hoje, contudo, o atual arcabouço científico-tecnológico da humanidade é
suficiente pelo menos para detectar com antecedência mínima uma possível
ocorrência natural de magnitude catastrófica. De sorte que, tudo o mais não
passa de meras especulações escatológicas tão comuns à humana raça, sobretudo
quando se trata do final de mais um ano.
Haja vista que, com a globalização das comunicações
somada a necessidade cada vez mais crescente do chamado sensacionalismo
midiático, as notícias acerca de um suposto ‘fim do mundo’ tem ocupado grandes
espaços e manchetes centrais na imprensa mundial. Fazendo com que, na maioria
das pessoas, esta invencionice ganhe caráter de verdade absoluta.
Portanto, tudo não passa de falsas previsões
anticientíficas, em alguns casos disseminadas por incrédulos gurus religiosos e
outros tipos de embusteiros de plantão, cujas intenções ao que parece tem como
mira provocar pânico e terror junto às pessoas. E quem sabe, obter alguma
espécie de lucro, inclusive financeiro com a situação; notadamente os mais
desavisados, leigos, fanáticos e ignorantes. Portanto, estes pseudo-profetas do
apocalipse se utilizam dos mais variados argumentos na ânsia de mexer com o
imaginário coletivo da população mundial.
Temos como exemplo o tal calendário da civilização Maia –
o povo mais antigo das Américas, que sucumbiu com a dominação espanhola,
por volta de 1520, tendo toda a sua cultura exterminada e suas riquezas literalmente
roubadas. O mais incrível é perceber que mesmo agora no 3º milênio ainda
existam em todo o planeta pessoas que ainda acreditam nestes tipos de
invencionices. Pura abobrinhas... que o
nosso bom homem sertanejo chamaria simplesmente de “fouculore”. Ou quem sabe,
de mera ‘conversa pra boi dormir’.
Não obstante, o que dissera certa feita o
grande romancista José Saramago de que ‘tudo
o que dura muito, está mais perto de se acabar’. Ainda assim, continuo achando
que este velho mundo continuará por
séculos e séculos existindo em suas maldades sem tamanho. Criando e construindo
(infelizmente) as verdadeiras condições para o seu fim: a autodestruição. O fato é que, o fim do mundo mais uma vez,
este ano, estará prorrogado. Sua finitude continuará atrelada à maneira como os
seres humanos se comportarão daqui pra frente em relação ao próximo e a mãe
natureza.
Por conseguinte, todos aqueles que não têm
e nem conseguem encontrar em si mesmo,
uma boa razão para viver sendo útil à vida planetária tanto quanto para a melhoria do mundo , este já acabou há
tempo. Mesmo periclitante o mundo continuará de pé ante a consciência dos
justos e a ousadia dos bons. Assim como
nas boas ações e atitudes em defesa da vida das espécies sem nenhuma exceção.
Numa perspectiva verdadeiramente holística e espiritual dos seres humanos em
favor do sonho coletivo de justiça, igualdade, paz, harmonia e fraternidade.
A despeito de qualquer outra ilação
mirabolante, que pelo menos o medo de um suposto ‘fim do mundo’ nos sirva
quem sabe, para estas ponderações
reflexivas.
E se nem isso for possível entre os mortais medrosos,
creio que, de fato, o mundo já esteja no começo do fim. Mas apenas, para todos
eles.
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José Cícero
Secretário de Cultura e EsportesProfessor e pesquisador
jccariry@gmail.com
Aurora – CE.
Foto grande: blogodorium.com.br
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