sexta-feira, 7 de junho de 2013

O velho poeta amante d'Aurora...

Luis Dantas Quezado: Poeta ilustre

Em 1923, quando se preparava para lançar o seu Cantadores, Leonardo Mota recebeu em sua casa a visita do poeta Luiz Dantas Quezado (nascido em 1850  em São João do Rio do Peixe-PB - hoje Antenor Navarro), que vivia no Cariri cearense desde a juventude. O velho poeta encontrava-se em Fortaleza acompanhando a publicação do seu opúsculo Glosas Sertanejas, do qual obtivemos uma cópia fac-similar da 4ª edição "correcta e muito augmentada pelo auctor", impressa na Tipografia Commercial  em 1925. Na oportunidade, Luiz Dantas  apresentou à Leota o poema A bicharia, que figura na primeira edição de Cantadores, publicado pela Livraria Castilho, do Rio de Janeiro, em 1921. A poesia de Luiz Dantas Quezado inspirou o compositor Zé Dantas (Siri jogando bola, música gravada por Luiz Gonzaga) e, mais recentemente, o cantor e multi-instrumentista pernambucano Antônio Nóbrega (Coco da Bicharada, incluído no CD O marco do meio-dia). Excelente para ser lido e trabalhado nas escolas. Segue um trecho abaixo:

(Trecho da poesia) - Poesia completa em http://acordacordel.blogspot.com/2011/05/caranguejo-de-gravata.html 
A BICHARIA
Autor: Luiz Dantas Quezado
 
Vi um Tií escrevendo,
UmCamaleão cantando,
Uma Raposa bordando,
Um Ticaca tecendo,
Um Macaco velho lendo,
Cururu batendo telhas,
Um bando de Rãs vermelhas,
Trabalhando n'um tissume,
Vi um Tatu num curtume,
Curtindo couro de abelhas.

Vi mosca batendo sola,
Mucuim tocando flauta,
Caranguejo de gravata,
E cabra jogando bola,
Vi pulga tocar viola,
Tamanduá engenheiro,
Guariba tocar pandeiro,
Vi um mosquito tossindo,
Uma formiga parindo,
Procotó era o parteiro.

In Glosas Sertanejas, de Luiz Dantas Quezado, 4ª edição "correcta e mui argumentada pelo auctor", Typ. Commercial - Fortaleza-CE; 1925. O referido poema figura também na primeira edição de Cantadores, de Leonardo Mota, publicado pela Livraria Castilho, do Rio de Janeiro, em 1921.

Um comentário:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Boa tarde, ilustre professor José Cícero. Depois de apreciar a bela homenagem a um "velho poeta amante d'Aurora", deixo o meu sensibilizado agradecimento à sua visita à Cadeirinha de Arruar. Viu, quanta gente apreciou a belíssima AURORA?

As informações que obtive em seus blogues foram de imensa valia. Obrigada. Quero dizer também que fico muito feliz, por sentir o seu PATENTE empenho e SERIEDADE, à frente da Secretaria de Cultura e Turismo, de tão grande importância para o futuro do município e das futuras gerações. Um belo trabalho, está a executar...
Parabéns! Felicidades. Um abraço fraterno,
da Lúcia