sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Levante Popular do Egito e o medo da democracia...

Por José Cícero
Com a queda do até então todo-poderoso presidente Hosni Mubarak do Egito, depois de trintas longos anos de ferrenho poder fica cada vez mais evidente que os povos do planeta não estão mais tão passivos e tolerantes diante de regimes ditos de exceção como era quase moda antigamente.
O que acontece no Egito, felizmente, não é um fato isolado. Razão de todo o medo dos Estados Unidos, Inglaterra dentre outros exploradores históricos das riquezas dos oprimidos. Por isso, se utilizam de um discurso falso quando falam de “preocupação com a instabilidade na região”. Ora, em se tratando do Oriente e Golfo Pérsico de que instabilidade eles estão falando? Por quanto, às favas todos eles e que administrem seus medos.
Posto que, no entorno do Egito há sinais de protestos populares em diversos outros países tanto orientais quanto africanos. Sendo que em pelos menos um deles, anteriormente, o levante já forçara o seu presidente a deixar o poder pelas portas do fundo depois de 23 anos, como foi o caso da Tunísia. E na cola: Marrocos, Argélia, Sudão, Líbia, Iêmen, Jordânia, Síria dentre outros...
Mas este episódio também evidencia um outro aspecto, ou seja, todo o cinismo da política imperialista e antipovo dos Estados Unidos. Assim como das demais nações que integram o chamado bloco do 1º mundo. Explico: Não fosse o efetivo apoio dos EUA, inclusive político, militar e financeiro; regimes como o de Mubarack jamais se sustentariam por tanto tempo. Pois, convenhamos, trinta anos é uma existência...
Portanto, sem nenhum exagero, podemos afirmar que as demais ditaduras do mundo em quase toda a totalidade, quer sejam do passado ou do presente contaram de alguma maneira com os beneplácitos da política norte-americana e dos seus aliados. Exceção apenas as de alguns países localizados nas regiões mais pobres do continente africano. Onde os ianques não conseguiram enxergar nenhum tipo de interesse econômico, estratégico ou expansionista.
Por conta disso muitos deles se encontram praticamente abandonados, arrasados que são, além das ditaduras sanguinolentas, também pela seca, pela fome, pela Aids e outras epidemias, como inclusive, pelas guerras tribais e fratricidas.
No Oriente Médio a coisa é completamente diferente. Lá os EUA precisam manter seus interesses estratégicos de pé, a qualquer preço. E isto não exclui todo o apoio possível e necessário a governos tipo Mubarack e outros ainda piores. Que tal lembramos de figuras como Saddan, Natanyaru, Papa Doc, Pinochet e Bin Laden e suas relações com a política do pentágono?
O petróleo do Oriente Médio ainda hoje continua sendo um baril de pólvora, cujo pavio encontra-se permanentemente aceso. E de algum modo, que quem está o tempo todo vigiando este estupim é de fato alguém sob o comando dos sucessivos governos norte-americanos. Eis a razão de os EUA renderem seu apoio às diversas ditaduras daquela região de conflito.
Contudo, o curioso é assistirmos pela TV o discurso “santo e bonzinho” de Barak Obama( não é trocadilho com o egípcio) em rede mundial ofertando solidariedade, quase como uma moção de apoio ao movimento de protesto da população egípcia. Depois dele vêm os outros, como que combinados para saírem bem na foto: Grã-Bretanha, Itália, União Européia, Alemanha e por aí vai.
Um momento de puro oportunismo dos verdadeiros financiadores das ditaduras mundiais pela história adentro. Muito especialmente, os Estado Unidos e a Inglaterra.
Cá comigo: Afinal de conta, neste momento cabe muito bem uma pergunta. Quando será que os americanos irão pôr um fim a ocupação do Iraque e deixar em paz o Afeganistão? Quando deixarão a base de Guatánamo no território cubano? Quando pararão de financiar e armar belicamente Israel que continua massacrando o povo palestino? Por que não decidem financiar a reconstrução do Haiti? E mais: quando será que a Inglaterra decidirá pela devolução das ilhas Malvinas à Argentina?
Enfim, são indagações simplórias, mas que colocam a nu a verdadeira face dos que querem a todo custo, ser a palmatória do mundo, sem no entanto, se darem ao exemplo.
Viva o povo egípcio, que mesmo isolado, não teve medo e foi a luta. E certamente por conta desta desta fato, a partir de agora uma nova história será reescrita pelas mãos corajosas de uma nação que se cansou do descaso, humilhação e roubalheira.
Afinal, quem tem medo de democracia?
Foto: http://imagem.band.com.br/
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