Enganam-se, inclusive os analistas
políticos de plantão que continuarem achando que a ascensão da candidatura de
Marina Silva seja resultante exclusiva da comoção nacional causada pela morte
trágica do então candidato do PSB Eduardo Campos.
Porque esta avaliação apressada não
condiz com a realidade dos fatos, visto que o crescimento da chapa
Eduardo-Marina já era algo esperado a partir do início do horário eleitoral no rádio e na televisão.
Contudo, os petistas festivos e a turma
do planalto se agarram a esta tese morna na esperança de que o quadro sucessório seja
revertido o quanto antes em favor da candidata Dilma tão logo se esvaia a tal
comoção. Porém, assim como alguns analistas(que adoram ser chamados de cientistas),
eles(os petistas e seus marqueteiros) também estão equivocados em suas
esperanças. Por uma razão muito simples. Quer seja: a mudança do quadro eleitoral em desfavor do PT não se restringe apenas ao fator comoção. Some-se
a isso também a superação do próprio modelo petista de governar na base do “toma
lá dá cá”. Que, diga-se de passagem, assassinou de vez quaisquer ideologias, fidelidades e coerências
político-partidárias. Além dos escancarados escândalos de corrupção, bem como do
visível nível de parcimônia e condescendência com que os corruptos, desde os
aloprados mensaleiros até a CPI da Petrobras foram tratados pelo governo e
por seus ‘companheiros e companheiras’.
E para piorar, os pífios resultados recentes da
economia brasileira que já começa a trazer de volta os primeiros sinais de uma
inflação. O desemprego, a perda acentuada do poder de compra dos trabalhadores
com o rebaixamento salarial, sem esquecer a crise em setores sociais estratégicos
e sensíveis como na saúde, na segurança pública e na produção só para citar alguns. Ainda a paralisação das obras
do tal PAC pelo país afora. Ou seja, um ‘Brasil encantado’ que efetivamente não
consegue sair do papel.
De modo que a tese de responsabilizar a
comoção popular pelo crescimento de Marina Silva é uma balela. Até porque o
político Eduardo Campos não tinha ainda uma imagem nacional.
Dilma cai nas pesquisas
por outras razões mais intrínsecas ao seu próprio governo que, aliás, até agora
não conseguiu se desvencilhar da figura de superação do Lula. Por isso não se define
enquanto protagonista, nem por uma coisa nem outra. E por certo ainda se mantêm na pesquisa de opinião pública
por todo este tempo na margem dos 30 pontos percentuais por força de programas
sociais, a exemplo do bolsa Família.
Portanto, além de uma plataforma política
socialmente sustentável, falta também a Dilma e ao seu governo um certo carisma
que possa criar um mínimo de empatia junto ao eleitorado.
Malgrado a tragédia ou não, é provável que os
brasileiros só agora começaram a se dá conta de que de fato Ela não é Lula. E mais: se realmente a
população tão logo comece a sentir na pele e no bolso os primeiros sinais de
uma crise que já se avizinha e que vem sendo camuflada; é provável que nem o Lula
será capaz de evitar uma derrota iminente.
Assim
sendo, inebriados demais com o poder tudo indica que só agora a cúpula
petista e a sua imensa legião de apaniguados políticos acordaram para a dura e
sofrível realidade do povo. E a despeito da evidente desaceleração da economia,
mais que a tal comoção diante do trágico acidente que vitimou Eduardo Campos, "eles" têm
razão de sobra para se preocuparem.
Enquanto isso, Marina e Aécio estão
rindo à toa. Mas nem tanto a toa assim, visto que as previsões econômicas dão
conta de que a situação do país no ano que vem não será nada boa. De modo que é
prudente dizer que “gato escaldado tem medo de água fria”. E no caso este gato, há de
ser todos nós...
Quanto ao crescimento da oposição, já tem
gente até cantando o conhecido jingle de um antigo comercial de TV que diz: “De
mulher pra mulher... Marina!!!”
Deus salve o Brasil e fortaleza seu povo
nos rumos da consciência e da democracia.
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José Cícero
Aurora - CE.
Ilustração: http://www.publikador.com/
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