Há quem diga que estamos prestes a vivenciar o estágio da barbárie a qualquer momento. Que me perdoem os incautos e os iluminados da esperança pelo meu pessimismo exagerado, mas diria que a tal barbárie já nos chegou faz tempo.
Não sei por qual motivo geral, mas digamos que o capitalismo no seu estágio terminal tenha de algum modo substantivo, dado uma forcinha das mais consideráveis a este atual estado de coisa. Dentre as quais por intermédio de alguns expedientes do tal sistema, dentre os quais: a competição desenfreada, a fome devoradora do ter além da conta e em detrimento do Ser. A febre da lucratividade em todo o quer se faz.
Ademais, é forçoso dizer que a suposta barbárie que possa nos vir é uma piada; o fato que é que a tal barbárie que eles falam já a vivenciamos e, só não nos demos conta, simplesmente porque nos acostumamos a ela. Somos seres altamente adaptados e adaptativos... Com quase tudo que há de ruim também nos acostumamos e por esta razão ficamos quase sempre no lugar-comum da praxe social.
Resta saber se também nos tornaremos bárbaros-selvagens por capricho ou convieniência, posto que em todo o resto, de alguma maneira já nos adaptamos aos malefícios que lhe é peculiar(digo a barbárie).
Destarte, o desejo de poder. O sonho de se dá bem a qualquer custo... A mania de grandeza, a ânsia louca de consumir e de se mostrar para os outros o que não é. O fisiologismo, o modo de vida elitista e maquiado, tudo isso num só conjunto vem contribuindo efetivamente para a deterioração do mundo, da vida e do gênero humano como um todo. Chegou-se ao tempo em que alertara o mestre Rui Barbosa, de o homem sentir vergonha de ser honesto. Agora, confesso que piorou, posto que haveremos de ter medo/receio de não sermos selvagens, brutamontes, violentos, salafrários... A sociedade denominada de pós-moderna perdeu seu rumo. Está sem prumo e sem contenção naquilo que a coletividade mais temia que se chegasse um dia: o estado de barbárie absoluta. Mesmo pagando um alto preço por este descalabro, figimos não enxergar o óbvio. Como se tamanha desfarçatez não fosse igualmente uma característica inerente a esta situação calamitosa. Somos em nossa maioria uma gente sem nenhuma espécie de comprometimento real com os princípios éticos e morais. Deseducados, amorais, patéticos, ignorantes, desobedientes, covardes e mentirosos... Quando não nos dispomos a enxergar isso, creio que estamos com efeito, mentindo para nós mesmos. Esta é, impreterivelmente, a sociedade da modernidade tecnológica supostamente avançada, mas que se mostra contraditória, em face de todo o atraso que se verifica em outros aspectos importantes do seu dia a dia.O gênero humano está mergulhado numa crise humana, moral, cristã e social sem precendentes. Vivemos por conta de tudo isso, uma verdadeira época apocalíptica não apenas no quesito da moralidade ou da solidariedade humana, mas, sobretudo e, inclusive na maneira com que nos relacionamos com a mãe natureza e os recurso naturais. O planeta está por um fio. A sociedade hodierna há muito que vem perdendo os seus antigos referenciais. Dantes importantes para o equilíbrio e a harmonia natural, ético-social e humano. O homem nunca se comportara tão mal diante dos seus irmãos de caminhada e do estado de direito como agora se apresenta. De modo que nunca em outro momento da história, se tornara tanto, “lobo do próprio homem”. Ao ponto que, chamar o homem de racional é força de expressão ou no mínimo, uma definição bizantina e também a um só tempo precipitada.
O homem atual é o que esta sociedade promíscua e deletéria vem fazendo amiúde dele mesmo.
No mais, todo o resto não passa de pura ilação de poetas.
Por José Cícero
Aurora-CE.
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