Enquanto a história a devorar em manuscritos, os acontecimentos seletivos que registram a passagem do homem no globo giratório, em janeiro de 1961, o pórtico da igreja matriz de Aurora foi testemunha da entrada de um homem simples, humilde, curvado em suas orações, no estado de completa entrega aos escolhidos a serviço da messe do senhor.
A penumbra deste gesto de oblação plena foi à trajetória de mais de 40 anos na linha de fé continuada, uma fé traduzida em obra, obra de vida, obra de luz, obra de um testemunho de 70 anos de união conjugal num modelo de moral religiosa para todos os habitantes da terra do Menino Deus. Para o cidadão comum isto basta, mas para o mestre Joaquim Paulino, 'seu Joaquim Paulino', a igreja Matriz do Menino Deus merecia muito mais. Mas o que podia oferecer um homem humilde e simples a seqüência temporal continuada no raiar de cada Aurora ao templo sagrado de Deus? Isto foi o centro de suas preocupações primeiras que, consumia toda sua matéria, imergida no oceano de luzes, a focar a sequência de uma nova história, no vislumbre do cumprimento de sua missão. Missão revelada num sinal do majestoso vigário de Aurora Padre Francisco Luna Tavares – Padre Luna – Ao postar-se diante do Padre Luna, deu o seu sim, um sim completo, um sim que foi louvado na seara celestial com harpas, violões, violinos, cavaquinho e tudo mais, digno de um banquete celestial. Nasceu ai uma solução espiritual, mas o mundo limitado da matéria sempre a rondar as pessoas, a provação da dor material. Como uma provação de fé, ou um obstáculo a ser superado, como um 'espim' na carne, seu Joaquim Paulino sofreu e sofreu plenamente, como tocar violão para animação do santo sacrifício das celebrações eucarísticas da Igreja Matriz do Senhor Menino Deus, se Joaquim Paulino não tinha violão, a paróquia também não, o violão era apenas um modelo mental de luz sonora a povoar as mentes dos seres humanos que sabem quebrar a barreira das limitações materiais. Porque não dizer a barreira do mundo possível.
De posse da forma do modelo do violão grafado em sua mente brilhante e determinado, seu Joaquim Paulino parte nos baixios e na orla do rio Salgado a buscar a madeira para confecção do violão para a animação das solenidades litúrgicas na igreja Matriz do Senhor Menino Deus. Seu Joaquim Paulino era carpinteiro ou entendia das artes de marcenaria? Com certeza não, pois inúmeras são as lápides, bem torneadas, e bem acabadas presente hoje no campus santo de Aurora. Um mestre na alvenaria, na argamassa, na esquadria, verdadeiras obras de arte que dão cor e vida ao nosso cemitério que em nada fica a desejar na relação com os demais da região. A sabedoria de seu Joaquim Paulino foi saltar a limitação do oficio e entronizar na sua alma o timbre de um grande escultor, e assim, de suas mãos foi materializado o violão, agora sim, confeccionado, afinado, materializado a integrar o corpo sonoro das liturgias, que, com o idealismo deste anjo, passou a formar o coro harmônico do coral, ao batido dos lábios dos fieis, ao som do violão a letra já vinha pronta para as fases de celebração da santa missa, violão, harmônio, órgão, companheiros do sonho deste anjo de luz da música eclesiástica da Igreja do Senhor Menino Deus de Aurora – Seu Joaquim Paulino.
Por: Prof. Luiz Domingos de Luna(FOTO NO TOPO)
Mestre da Ordem Stª Cruz -
Forania de Aurora-CE.
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