quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Como os EUA e a mídia marrom encararam o encontro de Cancún no México

Por José Cícero
A chamada grande imprensa, tanto do Brasil quanto do exterior fez de tudo para anuviar e esconder da opinião pública o encontro, recém ocorrido em Cancún no México. Ocasião em que os 33 presidentes dos países da América Latina e do Caribe, discutiram uma série de questões do estrito interesse de suas nações.
O objetivo é promover, dentre outras coisas, a integração regional para uma escala internacional no sentido de substituir a OEA que sempre representou os interesses norte-americanos.
Além de fazer frente à arrogância, assim como a pretensa ingerência norte-americana no Continente a formação da cúpula tem também por propósito possibilitar o processo de fortalecimento comercial da América Latina e Caribe, incluindo a ilha de Cuba. Além dos EUA que ficaram de fora, apenas Honduras não teve sua presença ainda confirmada, dada a condicionante do indulto que seu novo presidente deve formalizar em relação ao ex-Manuel Zelaya. Esta foi uma exigência da cúpula feita ao atual governo Hondurenho com vistas a sua posterior participação no bloco.
Mas digamos: qual a importância deste encontro? Por que a imprensa marrom sob a batuta das agências de notícias internacionais permaneceu tão indiferente a este evento aparentemente comum? Ora, com o possível fortalecimento deste bloco de países, a exploração ianque ficará cada vez mais difícil.
As intromissões descaradas do pentágono nos assuntos internos destas nações também sofreram baixas consideráveis. Tudo isso e muito mais, incomoda o governo norte-americano, razão pela qual a imprensa burguesa faz de tudo para esconder das Américas assim como do resto do mundo o real sentido do evento. Sem esquecer que neste encontro os holofotes estariam mirados para grandes líderes como Lula, Chávez e até o velho Fidel que se encontrara com o governo brasileiro na seqüência.
Ainda há que se destacar a notória e surpreendente aproximação de Lula com o presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad, sobretudo na questão do enriquecimento de urânio. Um outro ingrediente que também chamou atenção diz respeito à questão que envolve a apropriação indevida e vergonhosa das Ilhas Malvina pelos ingleses que inauguraram esta semana a prospecção petrolífera como um verdadeiro alvitre. Uma provocação não somente à Argentina, mas a todos os países da América do Sul. Tudo isso com o apóio explícito do Governo de Washington e o silêncio cúmplice e covarde das Nações Unidas(ONU).
A favor da permanência da indigna ingerência norte-americana como se percebe apenas a Colômbia por meio do seu presidente Álvaro Uribe. Todas as demais nações foram unânimes quanto à questão da defesa intransigente da soberania sem a intromissão de força externas.
Também preocupa a visão que os americanos têm em relação ao Haiti. Para não dizer, o implícito interesse escuso de transformá-lo num novo Afeganistão ou mesmo numa edição piorado ou não do Iraque ocidental. Senão, é preciso que se diga que até pouco tempo o glorioso povo haitiano tinha que, compulsoriamente, pagar ao imperialismo das grandes nações uma dívida eterna e sanguinolenta pelo reconhecimento da sua brava independência desde o distante ano de 1825. A continuação do desumano embargo econômico à Cuba e a permanência da ocupação do seu território de Guatânamo; cerca de 118 km de uma base militar instalada pelos americanos em pleno solo cubano desde 1903.
Todas estas questões poderão ser postas em xeque por Lula, Chaves, Cristina Kirchner e pelos representantes de Cuba nesta cúpula, inicialmente denominada de Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos. De modo que a formação deste aglomerado de nações desagrada tanto o governo dos EUA. Visto que alguns dos temas teratológicos engendrados por sua velha política de opressão, exploração e expansão podem vir à tona para serem um a um questionados.
A cobiça da Amazônia é igualmente um sonho dos mais antigos, já alimentado pelos americanos. Motivo pelo qual na geografia ensinada nas suas escolas, o mapa do Brasil é diferente, posto que a região Amazônica é dada como uma área internacional não mais pertencente ao Brasil, quase igual a Antártica ou a Lua.
Na encontro de Cancún foi surpreendente as declarações incisivas e corajosas do presidente Lula quando se posicionou em relação à questão das ilhas Malvinas invadidas e ocupadas pelos Ingleses. Notadamente quando cobrou uma posição imediata da Onu em relação ao assunto.
Ora, como pode em pleno século XXI os organismos internacionais e a opinião pública mundial assistirem calados este verdadeiro roubo inglês? Um país situado a cerca de 14 mil quilômetros querer ter o direito de posse sobre o território argentino? Que direito afinal terá o EUA de querer invadir militarmente outras nações no mundo, promovendo a guerra, o terrorismo de estado, o desrespeitando a soberania dos povos, a coexistência pacífica ferindo assim de morte, também, todos os tratados e as leis internacionais? Aliás, que razões têm os norte-americanos de querer para si o direito de exclusividade no que se refere a tecnologia atômica?
Portanto, pensar diferente da política imperialista dos EUA incomoda muita gente, além deles próprios. Fazer diferente ainda mais... Por isso o encontro de Cancún ocorrido nesta terça-feira no México não foi bem visto pelo aparato midiático do velho showmício nacional e, tampouco internacional.
(*) José Cícero
Professor, Pesquisador e escritor
Secretário de Cultura
Aurora-CE.
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Um comentário:

Unknown disse...

Prezado camarada,

Gostei do seu blog. Parabéns.

Ah, não se estresse por causa dos reacionários de plantão que vivem lá no Blog do Crato.
A bola da vez é a tal "ditadura cubana".

Naquele blog, sempre desqualificam quem argumenta a favor da esquerda e do socialismo. E algumas vezes partem para ataques pessoais. Eu mesmo parei de escrever lá por causa disso.

Abração.