quinta-feira, 11 de março de 2010

Poema à Estação d'Aurora


"Passado de pedra, antigas estações do trem..."
Por José Cícero*

O passado agora é uma pedra.
Um sólido fantástico.
Paralelepípedos imensos,
Concreto de reminiscências;
[ tempos idos,
blocos de pedras esquecidos,
abandonados.
Deitados, como que antigos passageiros.
[desmaiados,
embebidos em seus próprios sonhos.
A esperar o trem
Na pedra da estação-passado.
[Agora sem vida.
na rua desértica adormecida.
O passado agora é uma pedra.
Um bloco enorme
de granito pesado.
Como pastores diversos
[dia e noite a vigiar
a velha estação do trem,
na penumbra dos anos desprezada.
O passado agora é uma pedra.
Granito imenso
impregnando de recordação
as nossas vidas.
Uma rocha que não tem tamanho
Carrasco do tempo
Que se fez saudades.
[Fardo pesado
A esmagar nossas lembranças
Como se fossem
Moinhos de ventos.
[Espalhados
ao longo dos trilhos
da antiga estrada.
O passado agora é uma pedra.
Estrada de ferro
no mais completo abandono.
Antiga fonte de progresso
Que dantes alimentava o Cariri.
[Estação d’Aurora,
Missão Velha, Barbalha.
Ingazeiras, Lavras, Iborepi
Todas Ligadas agora,
por uma linha inexata
[Fantasmagórica,
imaginária.
A transportar o nada
para lugar nenhum.
O passado agora é de pedra.
Plena saudade.
[Uma rocha ilusória
Comboio de antigos vagões
[Abandonados
sobre a ferrugem dos trilhos,
e no silêncio dos anos.
Dormentes carcomidos.
Enterrados como gentes
no barro batido do chão.
[Esquecimento.
Velho trem de outrora.
Passado de metal
[Pedra da estação d'Aurora.
Recordação que nos persegue
anos afora,
Para o todo e sempre.
________
(*) José Cícero
Professor, Poeta e escritor.
Secretário de Cultura
Aurora/CE.
In Abstrações do Acaso
Inédito - 2009
Fotos ilustrativas: Estação de Auror/ jc
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