Por José Cícero
Cine São Luiz.
Uma saudade eterna que carrego onde quer que eu ande.
Antiga aventura que vivi quando menino.
Sétima arte - Universo que experimentei eu fui feliz.
Cine São Luiz.
Espaço fantástico de uma Missão Velha antiga
que não existe mais.
Cine São Luiz.
Uma história aos poucos construída
e oferecida como dádiva
aos provincianos de um tempo ido;
protagonistas
do filme do seu próprio sonho.
Velhas utopias colossais.
Cine São Luiz.
Antiga aventura de um povo feliz.
Gritos de entusiasmos.
Gemidos e sussurros do pornô francês,
a que nós todos estávamos proibidos
e nossos ouvidos de felinos,
iam muito além das suas grandes.
Cine São Luiz.
Alegre passado em preto em branco,
depois colorido.
Retalhos de fitas,
películas que juntávamos
para o nosso São Luiz pequeno
que imitávamos pelas calçadas
das antigas ruas
que assim como nós
respiravam inocência e paz.
Cine São Luiz.
Noites de encantamento.
Projeções de puro êxtase.
Altivez de Chico Freire – o porteiro.
Ingressos caros de Dona Inês
para depois lá dentro
enchermos todos de pipocas e fantasias
pela força cinética do velho projetor de Breu.
Cuspindo fogo
e belas imagens no pano branco.
Cine São Luiz.
um monumento edificado
em frente ao Grande Ponto.
E a pracinha do Cristo-rei
um pouco adiante,
onde namorei pela primeira vez.
Rua Rosalvo Maia.
Coração da feira-livre.
Onde um dia assisti extasiado
o deafio,
do nosso violeiro Bil e Patativa.
Cego Oliveira e o sanfoneiro.
O homem da mala com a sua cobra
a vender brilhantina e pomada
que curava tudo.
Bancas de cordéis
a que toda segunda minha mãe me dava de presente.
Latadas de comidas típicas. fita K-7 e discos de vinis.
Feira da farinha, da rapadura, dos passarins
e das panelas de barro.
Argila afamada do Arraial e da Cachoeira.
Cine São Luiz.
Uma saudade.
Tristeza que não tem mais fim.
Um patrimônio que não existe mais.
Onde um dia existiu o São Luiz
Agora jaz um túmulo
em que sepultamos nossas reminiscências.
Hoje nem sua fachada existe mais.
Onde um dia existiu o São Luiz
Agora jaz,
a insensatez de um depósito comercial
de aguardente.
Cine São Luiz.
Uma lembrança que guardo
para o todo e sempre
no meu baú de ossos.
Memória de uma Missão-Passado
que igualmente ao São Luiz,
também não existe mais.
Posto que morreu para sempre em mim.
Cine São Luiz.
Recordação que me persegue
que carrego em guardo
e que eu não esqueço, jamais.
(*) José Cícero
Secretário de Cultura
de Aurora-CE
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